Bom, vim justificar minha desaparecida!
Voltei!
Força estranha - Roberto Carlos
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada
E eu nunca passei
Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou
Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha
Eu vi muitos cabelos brancos
Na fronte do artista
O tempo não pára, e no entanto ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol, é o tempo, é a estrada
É o pé e é o chão
Eu vi muitos homens brigando
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
É o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada, é o sol
Por isso a força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz, essa voz tamanha
Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
Por isso é que eu canto, não posso parar
Por isso essa voz tamanha
Lições do dia-a-dia
Nossa, fiquei arrasada nesta quinta-feira, na aula de Didática. É terrível quando você constata que não sabe de algo ou como fazer algo!
- Ao achar que sabia muitas coisas, aprendi que uma coisa tão pequena pode me tirar o sossego;
- Que teorias não servem de nada se não forem voltadas para prática;
- Admitir que não sei e correr atrás para descobrir é melhor que achar que se conhece todas as coisas.
John Lennon
Coletânia
Começo a postar diversos textos que venho acumulando ao longo da minha carreira, com objetivo de torná-los virtual e poder jogar infinitas folhas de papel fora.
Rubem Alves
Achei muito pertinente postar esse texto do meu amado Rubem Alves. Concordo com ele em número, gênero e grau! Tb admito q ainda assim teríamos falhas, mas seria bem menos discriminatório e bem mais democrático.
O fim dos vestibulares |
Era o meu penúltimo dia como professor visitante nos Estados Unidos. Os alunos começaram a vir ao meu escritório para se despedirem. Entrou uma jovem, longos cabelos ruivos, sardas. Olhou para mim, sorriu e disse: “ Na na noite passada sonhei com você. Sonhei que você era um palhaço...” Ela sorria. Sua voz tinha música. Era um carinho. Perguntado sobre o seu nome o Demônio respondeu a Jesus: “ Meu nome é Legião, porque somos muitos”, afirmação que é confirmada pela psicanálise. A moça estava certa. No meu caso, dentre a Legião que mora no meu corpo, um deles é um palhaço brincalhão. Sua companhia já me causou embaraço. Não me causa mais. Ao contrário, me dá um delicioso sentimento de leveza. Além disso, descobri que ele era e é frequentador de alguns dos pensadores que mais admiro. Nietzsche, que dizia que a verdade, para ser verdade, tem de ser acompanhada por um riso. Kolakowski, que escreveu um lindo ensaio entitulado “ O sacerdote e o bufão”. Octávio Paz, que afirma ser missão do intelectual fazer rir pelos seus pensamentos e fazer pensar por suas piadas. O problema está em que, normalmente, as pessoas não se dão conta de que o riso é virtude filosófica. “Ridendo dicere severum”, afirmava Nietzsche: rindo, dizer as coisas sérias. Talvez em virtude de feitiços teológicos - no livro do Humbero Ecco, O nome da rosa , o irmão Pedro amaldiçoava o riso como coisa demoníaca - fomos levados a ligar o riso à leviandade e à falta de seriedade. Assim, estou sempre correndo o risco de ver as coisas que digo com a seriedade do riso serem ignoradas como nada mais que uma brincadeira. É o caso da minha velha proposta para a solução da monstruosidade dos vestibulares, a meu ver uma das maiores pragas da educação brasileira. Os vestibulares são escorpiões com ferrões na cabeça e no rabo. Na cabeça, o ferrão pica para frente, aqueles que estão tentando entrar na universidade. No rabo, ele pica para trás: as crianças e os adolescentes: escolas boas são as que os preparam os vestibulares. E assim, os ditos exames, que são elaborados apenas como guilhotina para degolar os menos espertos que querem entrar, se estabelecem como camisas-de-força para o pensamento dos que estão apenas começando: são elevados à condição de norma mal-dita para o ensino de primeiro e segundo graus. A maior importância dos vestibulares está precisamente nisso: as deformações que eles impõem sobre a educação que os antecede. Os vestibulares podem ser melhorados. Qualquer melhoria, entretanto, não compensa os estragos que fazem. Ao invés de serem melhorados, proponho que sejam abolidos. Como é que podem ser abolidos? Fala-se em adotar o modelo americano: a seleção se faria pelos currículos escolares. Essa solução é muito pior que os atuais vestibulares. Ela criaria uma “liga” de escolas de elite, caminho indispensável para a entrada nas universidades, tal como acontece nos USA, aumentando assim as vantagens dos ricos sobre os pobres. Fala então o bufão, lembrando os leitores de que, por absurda que possa parecer, a sua proposta é coisa séria. Proponho que o vestibular seja substituido por um sorteio. Todos os que concluirem o segundo grau poderão entrar no sorteio. Vantagens: 1. Os pobres poderiam ter esperanças de entrar na universidade. Nenhuma outra solução é tão democrática quanto esta. 2. Os cursinhos seriam automaticamente fechados. O dinheiro que neles gastam as classes média e rica seriam economizados. 3. O ensino do primeiro e do segundo graus ficaria livre da camisa-de-força que os vestibulares lhes impõe. As propostas educacionais teriam de ser avaliadas, então, pelo seu valor cultural, como educação, e não por sua capacidade para ensinar técnicas para passar nos vestibulares. 4. As classes médias e ricas, liberadas dos gastos com os cursinhos, e diante do fato de que seus filhos não são sorteados, teriam à sua disposição recursos financeiro substanciais que poderiam ser investidos na criação de excelentes universidades particulares, à semelhança do que ocorre nos Estados Unidos. Os pobres teriam mais chances de acesso à educação univeristária pública gratuita e os ricos poderiam criar suas próprias instituições de ensino superior, sem que o governo tivesse de lançar mão de seus recursos. Objeção: o sorteio permitiria o acesso às universidades de qualquer estudante, mesmo aqueles que estudaram nas piores escolas e tiraram as piores notas, contribuindo assim para piorar o nível já baixíssimo da nossa educação. Contestação: esse perigo seria evitado por um exame nacional, ao final do segundo grau, que teria por objetivo determinar aqueles que cumpriram as exigências mínimas de conhecimento estabelecidas pela lei. Um exame não classificatório, que teria apenas duas notas: aprovado, reprovado. Os aprovados todos poderiam entrar no sorteio. Esse exame, por sua vez, se constituiria num instrumento para que o Ministério da Educação avaliasse o desempenho das escolas. A proposta tem defeitos e injustiças - infinitamente menores que aqueles dos vestibulares. Acho que o pallhaço merece, pelo menos, ser ouvido e ser levado em consideração... |