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E o passarinho foi me visitar...

   Quando eu morava em Recife me sentia tão só! Muitas vezes me pegava olhando pela janela, observando a vida dos outros acontecendo,crianças indo pra ecola, mulheres indo comprar pão, carros indo e vindo... Vida normal que eu não tinha. Estranho como desejamos sempre coisas extraordinárias onde na verdade o mais rico da vida é o corriqueiro, o dia-a-dia! Passear pela rua, cumprimentar um vizinho, comprar umas frutas, mexer com uma criança brincando, ser surpreendido por um passarinho que voou baixo demais...
    É, eu sei que não é tão corriqueiro ser supreendido por um passarinho. Mas é que naquela solidão enorme que eu vivia eu desejava do fundo do meu coração que ao menos um pássaro me visitasse! Só quem viveu longe de tudo e de todos sabe o quão doído é a consciência de que nunca ninguém aparecerá inesperadamente, ou que você pode passear por todos os lados da cidade que não vai esbarrar com nenhum conhecido. Por isso eu resolvi esperar por ele que era o único ilustre que eu poderia receber! 
   Ele nunca veio. 
   Mas num dia comum, eu caminhando pela calçada, algo me chamou a atenção, um passarinho ferido! Sua asa estava quebrada. Então eu cocluí que ele não pode ir lá em casa pois no meio do caminho se feriu. Levei-o pra casa e cuidei dele, foi muito mais que uma visita, virou um hóspede. 
   Com tantos cuidados e carinho logo-logo sarou, e voava se debatendo no pequeno cativeiro que preparei! Eu percebi que ele já estava com as malas prontas pra partir só não encontava a saída! Meu coração apertou. Poxa, agora que enfim eu tinha uma companhia, ele já queria apartar-se de mim? Olhei mais uma vez ele se debatendo e entendi que para aquele serzinho com asas e pontencial para voar e sair livre pela vida,para aquele que encheu minha vida de alegria novamente, não poderia desejar sofrer como eu, presa na gaiola que eu mesma criei. Abri a janela, peguei-o com carinho, planejei libertá-lo lindamente como quem joga uma pomba ao ar, mas seu desepero era tamanho que saiu voando desajeitado e ligeiro, nem se lembrou de pedir obrigado... 
   Imagina... eu quem agradeci. Sua visita foi muito melhor do que eu imaginava!

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